Funcionário público candidato a vereador pode continuar recebendo salário se for servidor efetivo afastado por licença obrigatória, conforme previsto no artigo 38 da Constituição Federal, mas servidores comissionados ou temporários geralmente não possuem o mesmo direito, sendo necessário verificar o regime jurídico e normas do órgão de origem.
Você é servidor público e pensa em se candidatar a vereador? Será que ainda pode continuar recebendo salário? Conheça o que a lei diz sobre isso.
O que a legislação determina sobre servidores públicos candidatos a vereador
O Brasil possui legislação específica que rege a atuação dos servidores públicos que desejam se candidatar a cargos eletivos, como o de vereador. A base principal encontra-se na Constituição Federal de 1988, especialmente no artigo 38, que detalha os direitos e deveres desses servidores durante o período eleitoral.
Direitos e condições para a candidatura
Os servidores públicos têm o direito de se candidatar a cargo eletivo, desde que sigam algumas regras específicas. Uma delas é o afastamento do cargo, que pode ser remunerado ou não, dependendo da situação. Por exemplo, servidores públicos em regime estatutário podem continuar recebendo seus salários se afastados obrigatoriamente pela legislação.
A legislação prevê, ainda, igualdade de condições para todos os candidatos dentro do serviço público, evitando favorecimentos e garantindo que os recursos públicos não sejam utilizados em benefício da campanha eleitoral do servidor.
Normas aplicáveis no período de campanha
Durante o período de candidatura, os servidores públicos devem respeitar as limitações impostas pela Lei nº 9.504/1997, que regula aspectos importantes da propaganda eleitoral e o uso da máquina pública. Qualquer uso do cargo ou de suas prerrogativas em benefício pessoal configurará abuso de poder, podendo inclusive ocasionar inelegibilidade ou sanções administrativas.
Além disso, todos os candidatos que sejam servidores precisam observar cuidadosamente o calendário eleitoral divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esse calendário determina prazos como o afastamento necessário e limites de divulgação de campanhas em órgãos públicos.
Condições específicas para cargos diferentes
Funcionários de estatais, servidores da administração direta e indireta, bem como militares, possuem regulamentações específicas dentro da legislação. Em alguns casos, há exigência de afastamento total, enquanto em outros, a atuação pode ser conciliada com a campanha até o momento da eleição.
Diferença entre afastamento obrigatório e licença remunerada
No contexto da legislação aplicada a servidores públicos candidatos, é importante entender a diferença entre afastamento obrigatório e licença remunerada, já que ambos impactam diretamente a carreira e os direitos do servidor durante o período da campanha eleitoral.
Afastamento obrigatório
O afastamento obrigatório é uma exigência legal para servidores públicos que desejam concorrer a cargos eletivos, como forma de garantir a isenção do uso da máquina pública. Ele geralmente ocorre a partir de três meses antes da eleição, conforme estipulado pela legislação eleitoral. Durante este período, o servidor permanece vinculado ao cargo público, mas precisa se desvincular de suas funções.
Esse afastamento pode ser remunerado ou não remunerado, dependendo do vínculo do servidor e da legislação específica do órgão ao qual ele pertence. Por exemplo, servidores estatutários costumam ter direito à remuneração integral, enquanto contratados temporários e comissionados podem não se enquadrar nas mesmas condições.
Licença remunerada
Já a licença remunerada é concedida aos servidores que desejam se candidatar e que possuem esse direito assegurado pelo estatuto do servidor ou pela legislação específica de sua categoria. Ela permite que o funcionário se dedique à campanha eleitoral sem prejuízo do salário e sem a obrigatoriedade de cumprir suas funções cotidianas no órgão público.
Vale destacar que a licença remunerada é comumente concedida para assegurar igualdade de condições entre os candidatos na disputa e evitar uso político do cargo. Entretanto, para solicitá-la, o servidor deve cumprir prazos e apresentar a documentação exigida junto ao órgão público de origem. Além disso, a concessão dessa licença pode variar conforme o nível de governo — federal, estadual ou municipal.
Compreender a diferença entre afastamento obrigatório e licença remunerada é essencial para que o servidor público organize sua candidatura de forma estratégica e respeite os prazos e exigências legais.
Quando o servidor tem direito a continuar recebendo salário durante a campanha
O direito de um servidor público continuar recebendo salário durante a campanha depende de diversos fatores, como o tipo de cargo ocupado, o regime jurídico e as regras previstas na legislação eleitoral e no estatuto do servidor. Essas condições garantem a transparência no uso de recursos públicos ao mesmo tempo que protegem os direitos dos servidores em período eleitoral.
Quem tem direito ao salário durante o afastamento?
De acordo com a Constituição Federal, servidores efetivos que ocupam cargos de natureza estatutária geralmente mantêm o direito de continuar recebendo salário quando afastados para concorrer em eleições. Esse benefício é assegurado pelo artigo 38 da Constituição, desde que o afastamento ocorra no prazo legal de três meses antes do pleito.
No caso dos servidores regidos pelo regime celetista ou que ocupam funções comissionadas, os direitos podem variar. Em muitos casos, eles não possuem garantias semelhantes e, portanto, podem não receber remuneração durante o período de afastamento. Por isso, é importante verificar as regras específicas do regime de trabalho e do órgão público onde o servidor atua.
Requisitos legais e prazos
O servidor interessado em manter o salário durante a campanha deve cumprir requisitos legais, como solicitar o afastamento formal dentro do prazo exigido pela Justiça Eleitoral. Além disso, ele deve se abster de usar qualquer recurso ou autoridade do cargo em benefício da campanha, sob o risco de incorrer em abuso de poder.
A legislação também proíbe que determinadas categorias, como militares e alguns cargos estratégicos, conciliem as funções públicas com atividades eleitorais. Nesses casos, o afastamento obrigatório pode ser condicionado à exoneração ou licença sem remuneração, dependendo da situação.
Alguns estados e municípios brasileiros podem ter legislações complementares que determinam condições específicas para o pagamento ou suspensão de salários durante o período eleitoral. Essas normativas devem ser avaliadas com atenção pelo servidor.
Regras para funcionários públicos federais, estaduais e municipais
As regras aplicadas a funcionários públicos candidatos a cargos eletivos variam conforme o nível de governo ao qual estão vinculados: federal, estadual ou municipal. Essas especificidades têm como objetivo alinhar o processo eleitoral com o estatuto de cada servidor, respeitando os direitos e deveres previstos pela legislação.
Funcionários públicos federais
Servidores públicos federais, regidos pela Lei nº 8.112/1990, possuem normas específicas caso decidam se candidatar a cargos eletivos. Quando disputam as eleições, são obrigados a se afastar de suas funções no prazo legal de três meses antes do pleito, mantendo o direito à remuneração nesse período. Além disso, eles devem formalizar o pedido de afastamento junto ao órgão em que trabalham, garantindo o cumprimento dos prazos estabelecidos pela Justiça Eleitoral.
Durante o afastamento, é proibido utilizar qualquer estrutura ou benefício público relacionado ao cargo em prol da candidatura. Caso contrário, o servidor pode ser penalizado por abuso de poder ou uso indevido da máquina pública.
Funcionários públicos estaduais
No caso de servidores estaduais, as regras podem variar de acordo com os estatutos funcionais de cada estado, mas em geral seguem termos semelhantes aos aplicados no âmbito federal. Esses servidores também precisam se afastar de suas funções nos três meses que antecedem as eleições e, dependendo do tipo de cargo e vínculo empregatício, podem ser remunerados ou não durante o afastamento.
Leis estaduais suplementares podem trazer ajustes e condições específicas tanto para o afastamento quanto para a participação em campanhas, sendo essencial consultar a legislação vigente no estado onde o servidor atua.
Funcionários públicos municipais
Servidores municipais seguem normas semelhantes às de outros níveis governamentais, mas devem observar o Estatuto dos Servidores do Município em que trabalham. Em geral, o afastamento é obrigatório, e a remuneração durante o período da campanha pode variar dependendo do regime jurídico aplicado. Além disso, para evitar conflitos de interesse, esses servidores devem respeitar rigorosamente o uso de recursos públicos.
É importante que o servidor público, independentemente do nível, esteja ciente de que as regras eleitorais e administrativas aplicáveis são complementares. Consultar a legislação específica do órgão ao qual pertence e os prazos estabelecidos pela Justiça Eleitoral é fundamental para evitar infrações e garantir uma campanha transparente.
Licença para atividade política: prazos, condições e documentos necessários
A licença para atividade política é um direito concedido a servidores públicos que desejam se candidatar a cargos eletivos, permitindo que se afastem temporariamente de suas funções. No entanto, há prazos, condições específicas e documentos que precisam ser observados para que a licença seja concedida de forma correta e dentro da legalidade.
Prazos para solicitação
O prazo para solicitação da licença geralmente segue o calendário eleitoral estabelecido pela Justiça Eleitoral. De forma geral, o afastamento deve ocorrer até três meses antes da data das eleições, conforme determina a Constituição Federal e a legislação eleitoral vigente. Respeitar esse prazo é essencial para garantir a regularidade da candidatura.
Condições necessárias
Para que a licença seja aprovada, o servidor público deve cumprir certas condições, como comprovar sua intenção de concorrer a um cargo eletivo e formalizar o pedido junto ao órgão em que trabalha. Em alguns casos, é necessário que o servidor esteja regular com suas obrigações funcionais e sem pendências administrativas.
Além disso, a legislação estabelece que a licença, em regra, não prejudique os direitos adquiridos do servidor, como tempo de serviço e progressões na carreira, desde que o afastamento ocorra dentro das normas previstas.
Documentos exigidos
O processo de solicitação da licença exige a apresentação de documentos formais, como:
- Requerimento oficial ao órgão de lotação solicitando a licença;
- Declaração de candidatura, emitida pelo órgão ou partido político;
- Comprovante de filiação partidária, caso exigido;
- Documento de identidade e comprovante funcional.
Esses documentos devem ser entregues dentro dos prazos estabelecidos e podem variar conforme o regime jurídico e o nível de governo (federal, estadual ou municipal).
Por fim, é fundamental que o servidor consulte o estatuto específico ao qual pertence e as instruções detalhadas divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para evitar qualquer inconsistência durante o processo de solicitação da licença.
Impacto do afastamento na carreira e na contagem de tempo de serviço
O afastamento para atividade política, embora seja um direito garantido pela legislação, pode trazer impactos diretos na carreira do servidor público, especialmente relativos à evolução funcional e à contagem de tempo de serviço. Compreender essas implicações é essencial para a tomada de decisões estratégicas, tanto durante quanto após o período eleitoral.
Impactos na contagem de tempo para aposentadoria
Em muitos casos, o tempo de afastamento para atividade política é contabilizado como tempo de serviço, garantindo que o servidor não sofra prejuízo no cálculo de sua aposentadoria. No entanto, isso pode variar de acordo com o regime jurídico ao qual o servidor está submetido e depende do cumprimento de prazos e formalidades exigidos pela legislação.
Por exemplo, em regime estatutário, o servidor afastado que tenha mantido remuneração durante a campanha normalmente continua acumulando tempo de serviço para aposentadoria e outros benefícios. Já em regimes celetistas, o afastamento pode interromper a contagem, dependendo das regras específicas aplicadas ao contrato.
Promoções e progressões na carreira
O afastamento também pode ter influência no desenvolvimento da carreira do servidor. Dependendo do órgão público e do plano de cargos e salários, o período de licença para fins eleitorais pode não ser considerado para fins de promoção ou progressão funcional. Isso significa que o servidor pode enfrentar atrasos na evolução de sua carreira, especialmente em regimes onde a progressão está atrelada ao cumprimento de critérios como tempo de trabalho efetivamente exercido na função.
Por outro lado, planos de carreira podem conter cláusulas específicas que resguardam o direito do servidor de manter progressões automáticas durante o afastamento, desde que cumpridas todas as exigências relacionadas ao afastamento formal.
Repercussões na estabilidade e no retorno ao cargo
Outro aspecto importante é que o afastamento para candidatura não anula o direito à estabilidade do servidor público. Após o término do período eleitoral e, caso não seja eleito, o servidor tem garantido o retorno ao cargo exercido, desde que o afastamento tenha sido devidamente formalizado e realizado dentro das normas legais. Porém, a reintegração pode variar em termos práticos, principalmente se o período afastado gerar conflitos administrativos ou reorganização interna no órgão.
Entender os impactos na carreira e na contagem de tempo de serviço é essencial para que o servidor possa tomar decisões informadas e alinhar suas metas profissionais com sua participação no processo eleitoral, minimizando riscos e prejuízos.
O que acontece após as eleições: retorno, exoneração ou exercício do mandato
Após as eleições, o futuro do servidor público candidato varia dependendo do resultado do pleito e de sua situação funcional. As opções incluem o retorno ao cargo original, exoneração ou o exercício do mandato, caso tenha sido eleito. Cada uma dessas possibilidades está regulamentada pela legislação e exige atenção aos procedimentos formais.
Retorno ao cargo
Se o servidor não for eleito, ele tem o direito de retornar ao cargo que ocupava antes do afastamento. Esse retorno deve ocorrer nos prazos definidos pela legislação vigente e depende da regularização de sua situação administrativa junto ao órgão de origem. O direito ao retorno é garantido pela Constituição Federal e pelo estatuto do servidor público, desde que o afastamento tenha sido realizado conforme as normas legais.
Ao retornar, o servidor normalmente reassume as mesmas condições de trabalho, sem prejuízo de direitos adquiridos, como progressões na carreira e tempo de serviço. No entanto, mudanças organizacionais no órgão podem interferir na alocação do servidor, sendo necessário acompanhar de perto sua reintegração.
Exoneração do cargo
O servidor que decidir permanecer na política, mesmo sem alcançar uma posição eletiva, pode optar pela exoneração voluntária. Além disso, em alguns casos, a exoneração é obrigatória para servidores que ocupam cargos incompatíveis com atividades políticas regulares, conforme definido pelas regras do órgão de origem ou pela legislação específica.
Exercício do mandato
Se o servidor for eleito, ele deve se licenciar do cargo público para exercer o mandato, conforme as normas estabelecidas pela Constituição. Para servidores efetivos, o mandato eletivo não implica perda do vínculo com a administração pública, mas o cargo ficará suspenso enquanto durar o mandato. Durante esse período, direitos como progressões na carreira podem ser interrompidos, dependendo do regime jurídico.
Servidores ocupantes de cargos comissionados, por outro lado, geralmente precisam se desligar definitivamente do cargo caso sejam eleitos, já que o vínculo é de natureza distinta e não prevê a suspensão temporária.
Compreender o cenário pós-eleição é crucial para que o servidor público tome decisões alinhadas à sua situação pessoal e profissional, respeitando as regulamentações aplicáveis.
Exemplos práticos de aplicação da lei em diferentes cargos públicos
A aplicação das normas eleitorais e administrativas para servidores públicos candidatos pode variar consideravelmente de acordo com o tipo de cargo ocupado. Esses exemplos demonstram como as regras funcionam para diferentes vínculos e agentes públicos, destacando práticas específicas e suas implicações.
Servidores concursados de carreira
Um servidor público efetivo que ocupa cargo técnico em uma repartição municipal e decide se candidatar a vereador, por exemplo, tem o direito de se afastar das funções três meses antes do pleito. Durante o afastamento, ele continua a receber remuneração integral, respeitando o que determina o artigo 38 da Constituição Federal. Nesse intervalo, ele deve evitar o uso de recursos do órgão público para fins pessoais ou eleitorais, como computadores ou veículos oficiais.
Funcionários em cargos comissionados
Já um servidor ocupando um cargo comissionado em uma secretaria estadual pode ter que se exonerar para concorrer a cargos eletivos. Isso se dá porque, nesses casos, conforme a legislação, o vínculo comissionado é entendido como transitório e não dá a garantia de afastamento remunerado. Assim, o servidor precisa decidir entre a permanência no cargo ou sua participação na campanha eleitoral.
Professores da rede pública
Um professor da rede pública, regido por regime estatutário, também é impactado pelas regras eleitorais. Caso decida se candidatar, ele pode se licenciar para fins eleitorais sem prejuízo do cargo e da remuneração, desde que respeite os prazos e protocolos exigidos. Durante o afastamento, o professor pode dedicar seu tempo integralmente à campanha, mas é necessário que outras obrigações profissionais sejam delegadas ou substituídas por outro docente.
Militares em atividade
No caso de militares, sejam das Forças Armadas, sejam das polícias militares estaduais, as condições são mais restritivas. Um policial militar que decida se candidatar precisa ser transferido para a inatividade remunerada antes de iniciar a campanha, conforme exigem as leis específicas para militares. Por outro lado, se eleito, ele poderá continuar recebendo sua remuneração enquanto exerce o mandato, sem romper completamente o vínculo com a instituição de origem.
Funcionários públicos temporários
Funcionários temporários contratados por prazo fixo, como um agente de saúde de um programa estadual, não possuem os mesmos direitos que servidores de carreira. Esses profissionais, em geral, não podem se afastar com remuneração garantida para se dedicar a uma campanha eleitoral, devido à natureza transitória do vínculo empregatício.
Esses casos demonstram como a interpretação e a aplicação da legislação podem variar, tornando indispensável a consulta ao estatuto do servidor e às normas complementares do órgão público de origem.
Como consultar as regras específicas no estatuto do servidor
Consultar o estatuto do servidor é essencial para entender as regras específicas aplicáveis ao afastamento ou licença para atividades políticas. Cada órgão público possui normas particulares que devem ser seguidas, variando conforme o regime jurídico e a esfera de atuação do servidor (federal, estadual ou municipal).
Passos para a consulta ao estatuto
O primeiro passo é identificar o documento que rege os direitos e deveres dos servidores no órgão público ao qual você pertence. Em âmbito federal, por exemplo, a Lei nº 8.112/1990 regula a maior parte dos servidores estatutários. Nos estados e municípios, o estatuto correspondente pode variar, exigindo a consulta junto ao departamento de Recursos Humanos ou na secretaria responsável.
Outra forma de acesso é por meio dos portais de transparência ou nos sites oficiais dos órgãos públicos. Muitos disponibilizam os estatutos dos servidores em formato digital, permitindo o acesso simplificado às normas. Realizar uma busca por trechos como “licença para atividade política” ou “afastamento para candidatura” pode agilizar a localização de informações relevantes.
Contato com o setor jurídico ou RH
Se a consulta direta ao documento não esclarecer todas as dúvidas, é recomendável entrar em contato com o setor jurídico ou Departamento de Recursos Humanos do órgão público. Esses setores estão preparados para orientar sobre como proceder em relação ao pedido de licença, documentação necessária e prazos específicos.
Além do Estatuto, outras normativas complementares, como instruções normativas e regulamentos internos, podem ser aplicáveis em certos casos. Por isso, é importante solicitar informações detalhadas e, se necessário, obter interpretações jurídicas para evitar erros durante o processo.
O papel do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
O Tribunal Superior Eleitoral também disponibiliza normativas gerais sobre o processo eleitoral que impactam servidores públicos. Consultar o TSE ajuda a complementar os conhecimentos específicos fornecidos pelo estatuto do servidor, especialmente no que diz respeito a prazos, questões de inelegibilidade e uso da função pública durante a campanha.
Usar várias fontes confiáveis e obter orientação direta do órgão público garantem que todas as etapas legais sejam seguidas corretamente, evitando problemas administrativos ou eleitorais.
Direitos e deveres do servidor durante o período eleitoral
Durante o período eleitoral, o servidor público que decide se candidatar a um cargo eletivo tem direitos assegurados por lei, mas também precisa cumprir uma série de deveres para garantir a lisura do processo e evitar conflitos com suas funções públicas. Conhecer esses direitos e deveres é fundamental para conciliar a candidatura e o vínculo com a administração pública.
Direitos do servidor público
O servidor tem o direito de se afastar de suas funções nos três meses que antecedem as eleições, conforme prevê o artigo 38 da Constituição Federal. Durante esse período, servidores efetivos geralmente continuam recebendo sua remuneração integral, desde que cumpram as normas específicas do órgão em que trabalham. Além disso, o direito ao afastamento sem prejuízo de seus benefícios, como o tempo de serviço, também é assegurado para aqueles que cumprirem com as formalidades legais.
Outro direito importante é o de não ser discriminado ou penalizado pelo exercício de sua cidadania enquanto candidato. Qualquer tentativa de represália, como redução de cargo ou remoção com fins políticos, é considerada ilegal.
Deveres do servidor público
Um dos principais deveres do servidor é respeitar as limitações éticas e legais impostas pela legislação eleitoral. É estritamente proibido utilizar recursos públicos, como veículos oficiais, computadores ou até mesmo o horário de expediente, para fins de campanha eleitoral. O descumprimento dessas regras pode caracterizar abuso de poder e gerar sanções administrativas e judiciais.
Além disso, o servidor deve manter a neutralidade em suas funções durante o período eleitoral, evitando que sua posição pública seja usada para beneficiar sua candidatura ou a de terceiros. Discursos de favorecimento político, uso de materiais institucionais em campanhas ou atividades similares são práticas vedadas pela legislação.
Consequências por descumprimento
No caso de descumprimento das normas, o servidor pode ser penalizado com advertências, suspensões ou até exoneração, dependendo da gravidade da infração. Além disso, o uso indevido de recursos públicos pode levar à inelegibilidade e à aplicação de multas conforme a legislação eleitoral.
O equilíbrio entre os direitos e deveres é essencial para que o servidor permaneça em conformidade com as normas, garantindo tanto sua integridade profissional quanto a transparência do processo eleitoral.
O que aprendemos sobre servidor público e candidatura política
A candidatura de servidores públicos a cargos eletivos, como o de vereador, é um tema cercado de direitos e deveres claramente definidos pelas leis brasileiras. É essencial compreender os diferentes aspectos legais, desde a licença remunerada, o impacto na carreira e no tempo de serviço até os prazos e documentos necessários para garantir um afastamento correto.
Casos práticos mostram que cada tipo de vínculo empregatício, seja estatutário, comissionado ou militar, possui suas especificidades. Portanto, o servidor que deseja entrar na política deve estar bem informado sobre as regras do estatuto do servidor, comuns ao seu cargo e ao nível de governo no qual atua (federal, estadual ou municipal).
Os exemplos discutidos demonstram que o equilíbrio entre direitos e deveres é essencial para conciliar a atividade pública com a participação no meio político. O uso responsável do cargo, o cumprimento dos prazos e a consulta às normativas são indispensáveis para evitar problemas administrativos ou eleitorais.
No fim, o servidor que decide se candidatar deve tomar decisões informadas. Respeitar as regulamentações e compreender seus direitos e responsabilidades são etapas fundamentais para um processo eleitoral limpo e dentro da legalidade.
FAQ – Perguntas Frequentes sobre Servidor Público e Candidatura Política
Um servidor público pode continuar recebendo salário enquanto está em campanha eleitoral?
Dependendo do regime jurídico do servidor, ele pode ter direito à remuneração durante o afastamento, como é o caso dos servidores estatutários em geral.
Quais documentos são necessários para solicitar a licença para atividade política?
Os documentos mais comuns incluem o requerimento oficial, declaração de candidatura, comprovante de filiação partidária e documentação pessoal, como identidade funcional.
O que acontece com o servidor público que não é eleito após as eleições?
Se não for eleito, o servidor pode retornar ao cargo público, desde que tenha seguido corretamente os prazos e normas de afastamento definidos por lei.
Militares podem se candidatar a cargos políticos?
Sim, militares podem se candidatar, mas devem passar para a inatividade remunerada antes de iniciar a campanha, conforme exigem as normas específicas para a categoria.
Servidores em cargos comissionados possuem direito à licença remunerada para campanha?
Geralmente, não. Cargos comissionados não possuem as mesmas garantias de afastamento remunerado, sendo necessário verificar as regras específicas do órgão público.
Como consultar as regras aplicáveis ao afastamento de servidores para eleições?
As regras podem ser encontradas no estatuto do servidor do órgão público de origem, nos portais institucionais ou diretamente com o setor jurídico ou de Recursos Humanos.

Mariana Ribeiro Dias é pedagoga com mestrado em Psicopedagogia pela Universidade de Barcelona, e mais de 15 anos de experiência na Educação Infantil e Desenvolvimento Cognitivo. Ela já atuou como professora e coordenadora pedagógica, e hoje é consultora educacional e palestrante. Mariana é autora de materiais didáticos e artigos sobre práticas inovadoras na educação infantil, focando no desenvolvimento socioemocional e alfabetização.




