Alfabetização e letramento envolvem aprender a ler e escrever e o uso social dessas habilidades, desenvolvidos por meio de estratégias lúdicas, participação familiar e avaliação contínua que respeita o ritmo individual da criança na Educação Infantil.
Alfabetização e letramento são temas que despertam bons questionamentos. Como usar brincadeiras para que a leitura e a escrita façam sentido para as crianças? Já percebeu que cada fase exige um jeito especial de ensinar? Vem comigo que aqui tem dicas práticas para entender esse processo.
O que é alfabetização e o que é letramento?
Alfabetização é o processo que envolve o aprendizado das letras, da escrita e da leitura, focando no reconhecimento dos sons e das formas gráficas. Ela permite que a criança decodifique e compreenda palavras e textos simples, sendo o primeiro passo para o domínio da linguagem escrita.
Letramento, por sua vez, vai além do domínio técnico da leitura e da escrita. Ele se refere à capacidade de usar essas habilidades de forma crítica e significativa no dia a dia, como ler placas, entender informações, escrever recados, e participar de práticas sociais que envolvem a linguagem escrita.
Muitas vezes, alfabetização e letramento são confundidos, mas são processos complementares: enquanto a primeira foca no aspecto técnico, o segundo amplia o uso social e cultural da leitura e da escrita.
Na infância, desenvolver ambos é essencial. A criança aprende não só a reconhecer e formar palavras, mas também a valorizar a leitura e a escrita como instrumentos úteis e divertidos para se comunicar e aprender.
Diferenças principais entre alfabetização e letramento
- Alfabetização: aprendizagem dos códigos da escrita, como letras, sons e formação de palavras.
- Letramento: uso efetivo da leitura e escrita em contextos sociais e culturais variados.
Investir em uma abordagem que integre alfabetização e letramento na educação infantil é caminhar para a formação de leitores e escritores críticos, autônomos e ativos na sociedade.
Por que alfabetizar na Educação Infantil exige cuidado e intencionalidade?

Alfabetizar na Educação Infantil requer cuidado e intencionalidade porque essa fase é crucial para o desenvolvimento das habilidades básicas de leitura e escrita. As crianças estão em constante aprendizagem, mas apresentam ritmos diferentes, o que exige um olhar atento do educador para respeitar o tempo e as necessidades individuais.
O processo deve ser planejado e direcionado, utilizando estratégias lúdicas que envolvam a criança, tornando o aprendizado significativo e prazeroso. Atividades que exploram a consciência fonológica, o reconhecimento das letras e a relação entre sons e símbolos são essenciais e precisam ser aplicadas com sensibilidade.
Além disso, é importante considerar o contexto social e emocional da criança. Um ambiente acolhedor e motivador estimula a curiosidade e o gosto pela leitura e escrita, enquanto pressões ou cobranças excessivas podem causar ansiedade e desinteresse.
Importância da Intencionalidade no Ensino
A intencionalidade se manifesta no planejamento das atividades, na escolha de recursos adequados e no acompanhamento contínuo do progresso de cada criança. O professor deve estabelecer metas claras, mas também ser flexível para ajustar a prática conforme as respostas e dificuldades observadas.
Envolver a família nesse processo é outro ponto fundamental, pois fortalece o vínculo entre escola e casa, criando um ambiente mais rico para o desenvolvimento da alfabetização. Quando a família participa, a criança sente-se valorizada e apoiada, o que potencializa seus avanços.
Portanto, alfabetizar com cuidado significa respeitar o protagonismo da criança, estimulando seu desenvolvimento de forma consciente, gradual e afetiva.
Como a BNCC orienta o trabalho com leitura e escrita na infância
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que orienta a educação infantil e os demais níveis de ensino no Brasil, definindo direitos de aprendizagem e desenvolvimento para cada etapa. Na Educação Infantil, a BNCC destaca a importância de trabalhar a leitura e a escrita desde os primeiros anos de forma integrada com o desenvolvimento global da criança.
A BNCC propõe que o trabalho com leitura e escrita não deve ser restrito ao ensino formal das letras e palavras, mas sim relacionado às experiências e vivências das crianças, valorizando o letramento emergente. Isso significa que a criança passa a reconhecer e usar a linguagem escrita em contextos reais, como bilhetes, histórias, placas e listas.
Diretrizes principais da BNCC para leitura e escrita na infância
- Estimular a curiosidade e o interesse pelas letras e pelas palavras, por meio de brincadeiras e atividades lúdicas.
- Incorporar a linguagem oral e escrita nas rotinas diárias para promover compreensão e uso.
- Respeitar o tempo e as diferenças individuais de aprendizagem, garantindo que cada criança desenvolva suas habilidades no seu ritmo.
- Inserir a leitura em voz alta e a contação de histórias como práticas frequentes para ampliar o repertório e despertar o gosto pela leitura.
- Articular o trabalho com família e comunidade para enriquecer o aprendizado.
Assim, a BNCC implica em uma abordagem que une o conhecimento técnico das letras com o reconhecimento de sua função social, tornando o processo de alfabetização mais significativo e conectado à vida da criança.
Estratégias lúdicas para iniciar a alfabetização com crianças pequenas

Usar estratégias lúdicas para iniciar a alfabetização com crianças pequenas é fundamental para tornar esse processo prazeroso e eficaz. Jogos, brincadeiras e atividades criativas ajudam a desenvolver o interesse pela leitura e escrita, facilitando a compreensão dos símbolos e sons.
Uma das técnicas eficazes é o uso de jogos de associação, em que as crianças relacionam imagens a palavras, sons a letras ou objetos ao seu nome escrito. Isso fortalece a consciência fonológica e o reconhecimento dos símbolos gráficos.
Outra estratégia importante é a contação de histórias interativas, que envolvem a participação ativa da criança, estimulando a imaginação, o vocabulário e o entendimento da linguagem oral e escrita. O uso de fantoches, livros ilustrados e dramatizações pode aumentar o engajamento.
Atividades com alfabeto móvel
O alfabeto móvel permite que as crianças manipulem letras de forma tátil, criando palavras e experimentando sons. Essa prática desperta a curiosidade e o sentimento de descoberta, importantes para a motivação no aprendizado.
Além disso, brincadeiras que envolvem o corpo, como cantar músicas com letras repetidas ou jogos de rimas, ajudam a desenvolver a consciência dos sons e a atenção auditiva das crianças.
É essencial que as estratégias respeitem o tempo de cada criança, proporcionando um ambiente acolhedor e sem pressa para que aprendam brincando e se sentindo seguras para explorar a linguagem escrita.
Atividades práticas para desenvolver consciência fonológica
Desenvolver a consciência fonológica é essencial para que as crianças compreendam a relação entre sons e letras, base do processo de alfabetização. Por isso, atividades práticas que envolvam sons, rimas e segmentação são fundamentais.
Atividades para trabalhar a consciência fonológica
- Brincadeiras com rimas: incentivar as crianças a identificar e criar palavras que rimam ajuda a perceber sons semelhantes no final.
- Jogo de sons iniciais: propor que as crianças associem objetos ou imagens que começam com o mesmo som, desenvolvendo a percepção auditiva.
- Segmentação de palavras: dividir palavras em sílabas ou sons para que as crianças compreendam a estrutura sonora da língua.
- Atividades de aliteração e onomatopeias: usar frases e palavras que repetem sons para sensibilizar as crianças para os diferentes fonemas.
- Dinâmicas com letras móveis: combinar o manuseio das letras com o foco no som para formar palavras simples, facilitando a conexão entre fonema e grafema.
A ordem e a repetição dessas atividades ajudam a consolidar a consciência fonológica, preparando as crianças para a leitura e a escrita com mais segurança e facilidade.
A importância da leitura em voz alta e da contação de histórias

A leitura em voz alta e a contação de histórias são práticas fundamentais na Educação Infantil para promover o desenvolvimento da linguagem e o gosto pela leitura. Elas estimulam a imaginação, ampliam o vocabulário e fortalecem a compreensão oral das crianças.
Quando a leitura é feita em voz alta, a criança tem a oportunidade de ouvir a pronúncia correta das palavras, assim como a entonação, o ritmo e a expressividade da narrativa, elementos importantes para o desenvolvimento da linguagem oral e escrita.
Benefícios da contação de histórias
- Estimula a criatividade e a imaginação; as crianças visualizam personagens, cenários e situações, o que contribui para o pensamento abstrato e a produção de ideias.
- Desenvolve a atenção e a concentração; ao ouvir histórias, as crianças aprendem a focar por períodos maiores, essencial para o aprendizado.
- Amplia o vocabulário e o conhecimento cultural; as narrativas apresentam novas palavras e conceitos que enriquecem a linguagem.
- Fortalece vínculos afetivos; momentos compartilhados de leitura criam conexões emocionais entre educadores, familiares e crianças.
Além disso, a contação de histórias pode ser adaptada para diferentes mídias, como livros, fantoches, teatro de sombras e recursos digitais, tornando a experiência ainda mais envolvente e diversificada.
Incorporar essas práticas no cotidiano escolar de forma intencional e regular favorece a construção do letramento emergente e prepara as crianças para o processo formal da alfabetização.
Como envolver a família no processo de alfabetização
Envolver a família no processo de alfabetização é fundamental para fortalecer o aprendizado da criança e criar um ambiente rico em estímulos para a leitura e a escrita. A participação dos familiares contribui para que a criança veja a escola e a família como parceiros na sua formação.
Uma das estratégias mais eficazes é orientar os pais e responsáveis sobre a importância de dedicar tempo para a leitura em casa, mesmo que sejam textos curtos ou histórias infantis. Ler para a criança, conversar sobre os livros e mostrar interesse são atitudes que incentivam o desenvolvimento do gosto pela leitura.
Formas de envolver a família na alfabetização
- Oficinas e encontros pedagógicos: promover momentos para que os pais aprendam técnicas e estratégias que podem usar em casa.
- Envio de materiais e sugestões de atividades: disponibilizar livros, jogos e listas de tarefas simples para serem feitas em família.
- Comunicação constante: manter um canal aberto entre a escola e a família, com feedback sobre o progresso da criança e orientações personalizadas.
- Eventos escolares com participação familiar: realizar feiras de leitura, teatros e apresentações que envolvam pais e responsáveis.
Além disso, valorizar o conhecimento e a cultura da família no ambiente escolar fortalece o vínculo e gera maior colaboração no processo de alfabetização. Quanto mais acolhedora e integrada for a relação entre casa e escola, melhores serão os resultados para a criança.
Diferenças entre crianças de 4, 5 e 6 anos no processo de leitura e escrita

O processo de leitura e escrita apresenta características diferentes em crianças de 4, 5 e 6 anos, refletindo o desenvolvimento cognitivo, motor e linguístico típico de cada faixa etária.
Crianças de 4 anos
Nessa idade, o foco está na pré-alfabetização. As crianças começam a reconhecer letras e sons, mas ainda estão no estágio de exploração da linguagem escrita. Elas gostam de brincadeiras com nomes próprios, reconhecimento de símbolos e familiarização com livros ilustrados.
Crianças de 5 anos
Com 5 anos, as crianças avançam no letramento emergente, quando começam a compreender que a escrita tem função social e significado. Elas experimentam a escrita espontânea, usando letras que conhecem para formar palavras, e mostram interesse maior pela leitura e histórias mais complexas.
Crianças de 6 anos
Aos 6 anos, muitas crianças iniciam o processo formal de alfabetização, aprendendo a relacionar fonemas e grafemas com mais precisão. Desenvolvem habilidades de leitura e escrita mais estruturadas, reconhecendo palavras e construindo frases simples. A consciência fonológica já está mais consolidada.
Entender essas diferenças é fundamental para o planejamento de atividades que respeitem o ritmo e as necessidades de cada criança, garantindo um aprendizado significativo e prazeroso ao longo do desenvolvimento.
Avaliação da alfabetização na Educação Infantil: o que observar?
A avaliação da alfabetização na Educação Infantil deve ser contínua e centrada na observação das práticas e do desenvolvimento da criança, respeitando seu ritmo e individualidade. Não se trata apenas de medir resultados, mas de compreender como a criança está construindo seu conhecimento sobre leitura e escrita.
Aspectos importantes a observar
- Interesse e participação: o quanto a criança demonstra curiosidade e envolvimento nas atividades de leitura e escrita.
- Consciência fonológica: capacidade de perceber e distinguir sons da língua, essencial para associar sons às letras.
- Reconhecimento das letras e seus sons: identificação das letras do alfabeto e compreensão das correspondências entre fonemas e grafemas.
- Produção de escrita espontânea: demonstrações iniciais de escrita, mesmo que com desenhos ou letras isoladas, indicam avanços importantes.
- Capacidade de organização e sequência: como a criança estrutura ideias e histórias oralmente e por escrito.
- Socialização e uso da linguagem escrita: participação em práticas coletivas e uso da escrita em situações reais, reforçando o letramento.
A avaliação deve ser registrada de forma sistemática e compartilhada com a família, promovendo o acompanhamento e o apoio necessários para o desenvolvimento da criança.
Dúvidas frequentes sobre alfabetização e letramento na infância

Muitos pais e educadores têm dúvidas comuns sobre alfabetização e letramento na infância. Entender essas questões ajuda a oferecer uma melhor orientação às crianças, respeitando seu ritmo e processo natural de aprendizagem.
Quais as diferenças entre alfabetização e letramento?
Alfabetização é o processo de aprender a ler e a escrever, enquanto letramento refere-se ao uso social dessas habilidades nas diversas práticas do dia a dia. Ambas caminham juntas, mas o letramento amplia o conceito da simples decodificação de palavras.
Quando devo começar a alfabetizar meu filho?
Não há uma idade exata para iniciar a alfabetização formal, mas é fundamental que o processo comece na Educação Infantil, com atividades que estimulem a consciência fonológica, a curiosidade e o interesse pela leitura e escrita de forma lúdica e prazerosa.
Como lidar com dificuldades no processo?
Identificar sinais precoces de dificuldade, como problemas na percepção dos sons ou desinteresse persistente, e buscar apoio especializado pode fazer grande diferença. O acompanhamento constante e as práticas personalizadas são importantes para superar esses desafios.
Qual o papel da família nesse processo?
A família deve participar ativamente, promovendo a leitura em casa, valorizando as tentativas de escrita da criança e mantendo diálogo aberto com a escola, fortalecendo assim o aprendizado e a motivação do pequeno.
Alfabetização deve ser rápida?
Cada criança tem seu ritmo. Respeitar esse tempo e trabalhar com estratégias lúdicas e intencionais torna o processo mais eficiente e menos estressante, evitando frustrações.
Considerações finais sobre alfabetização e letramento na infância
Entender e respeitar o processo de alfabetização e letramento é essencial para garantir que as crianças desenvolvam habilidades sólidas e significativas de leitura e escrita.
O uso de estratégias lúdicas, a participação ativa da família e uma avaliação contínua e atenta são pilares para um aprendizado eficaz e prazeroso.
Cada criança tem seu ritmo, e promover um ambiente acolhedor e estimulante é fundamental para que ela cresça confiante e interessada pela linguagem escrita.
Assim, investir no desenvolvimento da alfabetização e do letramento na infância é preparar futuros leitores e escritores capazes de se comunicar e atuar criticamente na sociedade.
FAQ – Perguntas frequentes sobre alfabetização e letramento na infância
Qual a diferença entre alfabetização e letramento?
Alfabetização é o aprendizado das letras, sons e escrita; o letramento é o uso social e significativo da leitura e escrita no dia a dia.
Quando deve começar o processo de alfabetização?
O processo deve começar na Educação Infantil, com atividades lúdicas que estimulem a curiosidade e o interesse pela leitura e escrita.
Como a família pode colaborar no processo de alfabetização?
A família pode ler para a criança em casa, incentivar a escrita espontânea e manter comunicação com a escola para acompanhar o desenvolvimento.
Quais são os sinais de dificuldade na alfabetização?
Dificuldade em reconhecer sons, desinteresse persistente pela leitura ou escrita e atrasos no desenvolvimento da linguagem oral podem indicar dificuldades.
Por que é importante usar estratégias lúdicas na alfabetização?
Estratégias lúdicas tornam o aprendizado mais prazeroso, respeitam o ritmo das crianças e ajudam a desenvolver a linguagem de forma natural e criativa.
Como a avaliação deve ser feita na Educação Infantil?
A avaliação deve ser contínua, por meio da observação do interesse, consciência fonológica, reconhecimento das letras e participação em atividades, respeitando o ritmo individual.
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Mariana Ribeiro Dias é pedagoga com mestrado em Psicopedagogia pela Universidade de Barcelona, e mais de 15 anos de experiência na Educação Infantil e Desenvolvimento Cognitivo. Ela já atuou como professora e coordenadora pedagógica, e hoje é consultora educacional e palestrante. Mariana é autora de materiais didáticos e artigos sobre práticas inovadoras na educação infantil, focando no desenvolvimento socioemocional e alfabetização.